Cleyson Dellcorso

Atenção Plena – Não é um modismo

Atenção Plena – Mindfulness, que inegavelmente traz inúmeros benefícios para a vida pessoal e profissional

Em treinamentos organizacionais, quando entro em um dos aspectos da saúde mental na empresa e abordo a necessidade da prática do relaxamento e meditação noto um certo desdém com o assunto.
Com bastante frequência tenho ouvido: Logo isso passa, daqui a pouco surge outro modismo…. são pessoas se referindo a Atenção Plena – Mindfulness, que inegavelmente traz inúmeros benefícios para a vida pessoal e profissional além de favorecer as equipes de trabalho em vários aspectos.

O rótulo do modismo já cairia por terra apenas com a observação de que Mindfulness – Atenção Plena envolve práticas milenares de observação imparcial do momento presente, de seus pensamentos e emoções, portanto, é empregada há muito tempo em algumas culturas e religiões orientais.
O Professor Jon Kabat-Zinn, da University of Massachusetts Medical School, foi um dos pioneiros no uso científico das técnicas de mindfulness a define como “prestar atenção intencionalmente no momento presente, com aceitação e sem nenhum julgamento para com o desenrolar da experiência”, explicação que distancia a prática de culturas religiosas, pois já existem explicações cientificas observadas em laboratório.

Se o uso da Atenção Plena, entre nós, é creditado apenas a práticas orientais, vale então, salientar que antes da era cristã, os gregos já utilizavam a palavra “Prosoche” cuja tradução nos dá a ideia de atenção focada muitíssimo utilizada pela escola estoica de Filosofia.
No segundo século da era cristã, o filosofo Epicteto já alertava sobre os perigos da “atenção distraída”, chamando a atenção de seus ouvintes para este ensinamento: “Quando você puder relaxar um pouco a sua atenção, não imagine que a recuperará quando quiser, pois, para começar – e isso é o pior de tudo – desenvolve-se o hábito de não prestar atenção e, depois disso, o hábito de adiar a atenção; e acostumando-se a adiar de uma hora para outra a vida tranquila e adequada”.
Epicteto ainda enfatizava: “Você se torna aquilo a que dá sua atenção”

A Atenção Plena é algo que está em nós, porém por falta de uso e de perseverança ela costuma ficar em segundo plano até que praticamente deixa de existir e passamos a viver no piloto automático.
Guarde bem seus momentos de atenção, aconselhou o filósofo americano Ralph Waldo Emerson. “Eles são como diamantes brutos. Descarte-os e seu valor nunca será conhecido. Melhore-os e eles se tornarão as joias mais brilhantes em uma vida útil.”

Como pode ser visto, a prática da Atenção Plena é sugerida e até enfaticamente indicada ao longo de séculos de história, o que desconstrói totalmente a ideia de modismo, pois, se o for, estranhamente será um modismo de mais de 25 séculos de uso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site usa cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.