Quando vejo esta pandemia e seus efeitos, a facilidade como é feito o contágio e o sofrimento de milhares de famílias enlutadas, valorizo cada vez mais aqueles que estão na linha de frente, principalmente dos profissionais da área de saúde – dos porteiros ao diretor clínico, que “desligam-se” de seus receios e de suas famílias em benefício daqueles que estão em sofrimento.
Poucos podem imaginar o dia a dia destas pessoas que, com muito altruísmo doam-se em benefício dos outros, deixando em um segundo nível, suas famílias, sua vida pessoal e na maioria das vezes o seu próprio bem estar e sua saúde.
Estamos em meio a uma das maiores crises da humanidade do último século, mas são nos momentos de crise que surgem gestos de altruísmo. Gestos verdadeiros, significativos e que agem como bálsamo para quem os recebe.
Algumas perguntas passam pela minha mente – Por qual motivo gestos de altruísmo só costumam aparecer em grandes momentos de necessidade? Se o homem é capaz destes gestos, por que não o incorpora em seu dia a dia? O que mudaria o comportamento de um profissional se ele incorporasse o altruísmo entre as suas soft skills?
De um modo geral, podemos dizer que altruísmo são ações voluntárias de um indivíduo em benefício de outros. São ações em que nos colocamos em uma cena para auxiliar, quase sempre colocando o que está próximo em primeiro plano.
Se somos capazes de sermos altruístas em crises, por que não incorporarmos este comportamento em nosso dia a dia?
Durante minha vida profissional, já me deparei com muitas pessoas altruístas e hoje, passadas algumas décadas, percebo que todas tiveram uma vida profissional ascendente e hoje ocupam posição de destaque. Eu creio que este sucesso é consequência do conjunto de seus comportamentos.
Lembro, por exemplo, do começo de minha carreira em que fazia parte de uma equipe onde o idioma inglês era um diferencial. Naquele tempo o número de profissionais com um segundo idioma não era significativo, porém estes poucos tinham mais oportunidades de crescimento na empresa. O normal seria que aquele que dominasse o idioma, guardaria para si o conhecimento, buscando benefícios na organização, mas nem todos eram assim.
Tínhamos um colega que havia morado alguns anos nos Estados Unidos, do início da idade escolar até sua adolescência, coisa rara na época. Este colega fazia parte do nosso grupo de engenharia e, de forma altruística se privava do seu período de descanso e propunha aos colegas reduzir em 30 minutos o horário de almoço para compartilhar o seu conhecimento de inglês com os interessados. Dava aulas gratuitas diariamente para um bom número de companheiros de trabalho, colaborando para que todos e, não apenas ele, tivesse sucesso profissional na empresa. Se isto não bastasse, a conversa entre os membros da equipe, na medida do possível era em inglês, para que sob a supervisão do colega pudéssemos praticar um pouco mais.
Este colega, que mais tarde veio a se tornar CEO de uma empresa internacional, colocava-se a serviço dos outros de maneira altruística, buscando sempre o melhor para os outros.
Este período de quarentena favorece o desenvolvimento pessoal, permitindo praticar o autoconhecimento e estimulados pelo exemplo dado pelo pessoal da área de saúde, desenvolver o altruísmo para incorporar ao nosso comportamento, que além de nos proporcionar momentos de felicidade, certamente fará com que possamos marcar a nossa existência com ações que realmente tenham valido a pena e que possam ficar como nosso legado às futuras gerações.