Na Parte 1 desta série fizemos uma breve reflexão sobre a base do Mindfulness, suas características e estudos acadêmicos feitos no ocidente, isentos do viés religioso.
Falamos também de Jon Kabat-Zinn que facilitou sua democratização ao desenvolver um programa chamado Mindfulness-based Stress Reduction. De forma similar, Chade-Meng Tan implantou o Search Inside Yourself, um curso que combina práticas de meditação com treinamento de inteligência emocional – uma abordagem que foi pioneira no Google, onde Chade Meng Tan era engenheiro de desenvolvimento.
Após o inicio da implantação de Mindfulness entre algumas startups no Vale do Silício, com resultados significativos, o movimento foi crescendo em órgãos governamentais americanos e empresas tradicionais, como Bosch, General Mills, Goldman Sachs, Shell, SAP, além da Google que foi uma das pioneiras.
Muitas empresas buscam a agilidade e aspiram cultivar uma nova forma de liderança. Entre os principais executivos que meditam e incentivam seus funcionários a seguir seu exemplo, estão o CEO da Salesforce, Marc Benioff, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, e o cofundador do Google, Sergey Brin. Sem dúvida alguma, participar de uma sessão de meditação é uma maneira popular de começar o dia de trabalho em muitas empresas do Vale do Silício, incluindo Apple, Facebook, LinkedIn e Twitter.
De acordo com Petra Martin, responsável pelo desenvolvimento de liderança na Bosch Automotive Electronics, “Mindfulness é uma alavanca essencial para mudar de uma cultura de controle para uma cultura de confiança. A comunicação mudou fundamentalmente desde que introduzimos nosso treinamento de conscientização para mais de 1.000 líderes na organização. ”
Na empresa de software SAP, a atenção plena se tornou um ingrediente essencial da vida corporativa para funcionários e executivos. Mais de 6.000 funcionários realizaram cursos de mindfulness que se concentram em meditações complementadas pela prática do autocontrole e da compaixão. Além disso, os facilitadores de mindfulness interno oferecem meditações guiadas durante o horário de trabalho e um desafio de atenção plena de várias semanas, incluindo “micro práticas” de meditação, isto é, sair do ambiente de trabalho por alguns minutos para se concentrar na respiração, apenas isso.
Implantar um programa de Mindfulness em empresas deverá ser precedido de um estudo que apresente a melhor alternativa, visto que é natural ainda existir algumas resistências a esta prática. Na minha opinião, os programas de mindfulness devem ser elaborados especificamente para a cultura da organização, embora seja também valioso começar determinando o objetivo das intervenções de mindfulness. Algumas empresas alcançaram bons resultados iniciando com um pequeno programa piloto, como fornecer um curso de mindfulness para a alta liderança.
De um modo geral, após esta fase costumo recomendar que em termos de adoção da atenção plena em geral, as organizações podem começar experimentando quatro tipos de intervenções: treinamento de liderança, treinamento de meditação, micro prática de mindfulness e coaching de mindfulness, aqui utilizo uma metodologia própria.
- Treinamento de liderança – Até mesmo cursos de liderança em mindfulness personalizados compartilham elementos comuns. Os líderes devem aprender como integrar as práticas formais e informais de atenção plena à vida cotidiana. Práticas formais são frequentemente meditações guiadas, enquanto práticas informais incluem exercícios de escuta consciente e simplesmente prestar atenção à tarefa em execução.
- Treinamento de Meditação – Além de treinar executivos, as organizações devem avaliar se devem oferecer oportunidades de treinamento a todos os funcionários. Muitas pessoas estão dispostas a experimentar a meditação, mas têm dificuldades para entender por onde começar. Um curso de meio dia a um dia inteiro pode introduzir práticas básicas
- Micro prática de Mindfulness – Os colaboradores que completam um programa de meditação precisam continuar praticando, através de micro práticas, para realmente dominar a atenção plena.
- Coaching Mindfulness. Os princípios da atenção plena também podem ajudar as equipes a colaborar de maneira mais eficaz, interagindo entre elas de forma natural. Por exemplo, se os membros da equipe dominam a capacidade de ouvir uns aos outros com atenção e sem interrupção, eles promovem um pensamento mais livre e criativo.
As empresas que passam por uma transformação através da atenção plena estão obtendo retornos positivos, tanto em nível individual quanto organizacional. À medida em que toda escala hierárquica desenvolve a mente aberta e a clareza necessária para navegar em ambientes imprevisíveis, a organização fica bem posicionada para liberar todo o potencial da agilidade.
Para as empresas que ainda não adotaram com sucesso a atenção plena, o imperativo é claro: siga uma abordagem bem projetada e holística para implementar essa solução muito antiga para os desafios da era digital.